Glory 82 - Joilton Lutterbach x Mark Trijsburg
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O Combate mostra o Glory 83 ao vivo, a partir de 16h (de Brasília), direto de Essen, na Alemanha. Em entrevista exclusiva ao Combate, via chamada de vídeo, Peregrino explicou o motivo de ter abraçado outras modalidades em meio ao MMA.
- Tive um negócio no Rio e acabei quebrando, me enrolando em dívidas. Falei:” vou ter que ir para a Europa, vou ter que fazer dinheiro”. Acabou que vim para dar seminários a princípio e surgiu a primeira luta de K1 (kickboxing), e nem era lutador de K1, mas acabei aceitando. “Vou ter que aceitar, família, filho, conta, vou ter que ir”. Fui e acabei descobrindo uma coisa que eu não sabia que tinha, que é a mão pesada. Sempre lutei MMA e derrubei os caras e fiquei fazendo aquele jogo amarrado (...). Acabei nocauteando, já peguei outra luta e fui nocauteando os caras, pagando as minhas contas e fui descobrindo um lado que não sabia, que era o striking. Comecei a ganhar aquela paixão pela modalidade. Me convidaram para fazer uma luta de muay thai com luva de MMA. "Caraca, lutar muay thai com luva de MMA, cotovelada, é porrada, chute"...só que me dei super bem nessa modalidade. Como a luta é dentro do octógono de MMA grande, não sou obrigado a ficar na frente do cara e cotovelada, joelhada... Não, mantive minha distância e lutei como se fosse MMA, no meu estilo guarda baixa, entrando e saindo, boxeando, jab, e acabei nocauteando dois caras. O que tenho visto é que o estilo de MMA está dominando o K1. Não estou mudando meu estilo. Estou fazendo meu estilo de MMA e aplicando em outras artes marciais e está dando certo. Estou gostando desse mix de lutar MMA, boxe, kickboxing, muay thai com luva de MMA... E estou pensando em lutar no “Karate Kombat” (risos).
Joilton Peregrino venceu em novembro no Glory 82, em sua estreia na organização de kickboxing — Foto: Reprodução / Instagram
Na sua primeira empreitada no Glory, o brasileiro nocauteou o holandês Mark Trijsburg no segundo round, numa vitória que viralizou diante do adversário que “congelou” nas cordas com os golpes de Peregrino.
- Foi uma estreia muito boa, sem pressão, então acho que a segunda luta vai ser da mesma forma. Essa é a minha expectativa, entrar com meu estilo de MMA, animado, motivado, entrar querendo! Vitória vem para quem quer mais, para quem tem mais fome, e eu estou com fome! Não perdi a fome. Estou motivado para alcançar essa vitória e talvez mais uma luta o cinturão, quem sabe?
Peregrino passou 45 dias no Rio de Janeiro na preparação para essa luta, depois de emendar com a vitória em dezembro diante de Mihail Kotruta, no Brave - quando venceu, mas não levou o cinturão interino dos super-leves (até 74,8kg) após ultrapassar em 100g o limite da categoria.
- É diferente a preparação para o K1 e o MMA. Costumo falar que o MMA é como se fosse o triatlo, você malha, corre, nada e pedala. É wrestling, chão, preparação física, boxe, é muito cansativo. É muita informação e acaba sendo muito cansativo. E para o K1 não é, consigo só fazer cardio, só fazer manopla, ou técnica, e consigo lutar bem. Para essa luta fiz um pouco mais, pois quando cheguei no Rio me senti na Disneylândia, praia, melhor lugar do mundo. “Vou visitar os amigos e treinar”, e acabei treinando muito. Atleta de MMA tem outra pegada, você olha nosso corpo e o corpo de quem só treina K1 e é diferente, nosso pescoço é diferente, nosso corpo é diferente, nosso colo é diferente, nossa força é diferente. Não estou mudando minha forma de treinar, continuo treinando wrestling, boxe, jiu-jítsu, porque sinto que isso me deixa mais forte ainda. Agarrando esses bichos todos (no MMA), quando soltar a mão vai estar uma pedra. Estou animado que será mais um nocaute.
O brasileiro também avaliou o jogo do francês Diaguely Camara, mas ressaltou que esperaria um encontro no hotel para definir sua estratégia. A depender da avaliação corporal que fará, Peregrino vai então traçar o melhor caminho no ringue.
- Estou doido para chegar no hotel e ficar medindo esse cara. Ele é meio esquisito, é alto, tem 1,88m, eu tenho 1,83m. Mas quero olhar o cara pessoalmente. Tem vídeo que o cara parece ser um bicho grandão, aí tem vídeo que parece magrelo grande. "Esse cara tem o pescoço fininho, vou dar uma mãozada na cara dele e o pescoço vai lá atrás"; "esse cara tem o braço longo, vou cair pra dentro dele"; "ah, o cara é quase do meu tamanho, não é esse bicho todo que achei que era". Não tenho estratégia, gosto de observar o cara, a estrutura física, ver um pouco como o cara luta e adaptar no momento. Tecnicamente falando, ele é canhoto, o que dificulta bem mais. Quando o cara é destro tenho minhas técnicas, e quando é canhoto tenho que pensar no que fazer. Sai do natural e começa a pensar. É uma luta mais pensada. Ele chuta bem com a perna de trás, como todo canhoto, mas luta embaixo e em cima, vai magoando os caras com a perna de trás para chutar a cabeça. Tenho que manter a mão direita alta, mas com meu jogo de MMA consigo levantar a mão rapidinho. Não acho que ele usa bem a distância. Mas ele tem mais experiência que eu no K1, mas dá pra pegar o bicho! Vamos pegar ele!
Joilton Peregrino, 30 anos, soma oito vitórias seguidas nas últimas lutas, tendo vencido três lutas no MMA, três no kickboxing e duas no muay thai. Ele admite que em algum momento terá que traçar prioridades, principalmente por conta das exclusividades que cada evento exige. Por enquanto, com o jeito descontraído, tem conseguido atuar em diferentes organizações ao mesmo tempo.
- Acho que em algum momento vou ter que decidir por um caminho. Antes era de boa, porque meio que fazia a política. A maioria dos donos dos eventos são meus amigos. O matchmaker do Brave é maior gente boa. Com o cara do Glory também tenho uma boa relação. E o cara do RFA também. Tenho três contratos: com Brave, Glory e RFA, e só do RFA não é exclusivo. Mas como luto tudo? Meio que faço o meio de campo. Vou lutar o Brave e o cara fica em cima e peço para lutar o Glory, mas ele não quer que lute dois meses antes. O cara do RFA é mais de boa, aceita tudo. Mas tenho duas vitórias no RFA e a próxima (luta) é pelo título. Estou com uma vitória no Glory, então já estão olhando de outra forma para mim. Lutei pelo título do Brave agora e acabei não batendo o peso por 100g, então não peguei o título. Quando eu pegar o título, eles vão começar a brigar pela exclusividade, estou sentindo isso (...). Pretendo ficar no Brave, financeiramente seria o Brave (a prioridade). Estou feliz de pegar esse cinturão e até renovaria contrato por mais três lutas com eles. Ou ficar mantendo assim como, é bom que fico ativo.
Joilton Peregrino participou da PFL em 2021, em que perdeu duas lutas na decisão dividida — Foto: Divulgação
Neste sábado, em Essen, cidade alemã próxima à Holanda, Joilton Peregrino lutará “em casa”. Ele pegou o sobrenome “Lutterbach” da esposa e passou a representar o país em diversos eventos, como acontecerá no Glory 83. Morando em Ingolstadt, a uma hora de Munique, ele explica que a decisão tem aberto muitas portas.
- Lutterbach é da minha esposa e a gente estava tentando a cidadania para morar aqui. Meu empresário de MMA falou: “por que você não começa a representara a Alemanha? Vai ficar mais fácil até para documentação”. Ele mudou meu Tapology e meu Sherdog e os eventos começaram a olhar diferente para mim. Por quê? A maioria dos alemães são frouxos! Têm caras duros aqui também, mas são quatro ou cinco. Os que têm aqui são peregrinos, como o Roberto Soldic, croata. São duros de vida, de história, de treinamento. Mas você não acha alemão duro (risos). Não tem. Comecei a representar a Alemanha com cartel grande e com experiência de TUF, na Europa... Os caras: “quem é esse alemão com cabelo preto?” E vieram as maiores oportunidades. Lutei Cage Warriors, PFL, KSW, eventos na Rússia...Qual alemão vai pisar na Rússia para lutar? Alemão cheio de sistema: "não vou lutar lá que é perigoso, o clima..." (...). Muitos falam: "o cara vai representar a Alemanha...", mas não sabem por que fiz isso. Amo o Brasil, é o melhor lugar do mundo. Queria tirar as coisas boas daqui e levar paro Brasil, e tirar as coisas ruins do Brasil, mas sem trazer pra cá, senão vai destruir a Alemanha. Amo meu país, não tem lugar melhor para viver. Mas as pessoas me conhecem mais na Europa do que no Brasil, mesmo participando do TUF. Em qualquer academia aqui na Alemanha me conhecem: "aquele cara doido! aquele bicho é muito doido". Fiz meu nome aqui e estou fazendo meu nome na Europa.
Glory 83
11 de fevereiro de 2023, às 16h (de Brasília), em Essen (Alemanha)
CARD PRINCIPAL:
Peso-meio-pesado: Sergej Maslobojev x Donegi Abena
Peso-médio: Donovan Wisse x César Almeida
Peso-médio: Serkan Ozcaglayan x Sergej Braun
Peso-leve: Guerric Billet x Cihad Akipa
Peso-meio-médio: Joilton Lutterbach x Diaguely Camara
Peso-pesado: Uku Jurjendal x Nabil Khachab
Peso-pena: Ahmad Chikh Mousa x Berjan Peposhi
CARD PRELIMINAR:
Peso-casado: Chris Wunn x Jonathan Mayezo
Peso-leve: Sorin Caliniuc x Arman Hambaryan
Peso-méio-médio: Jos van Belzen x Robin Ciric
Glory 83: Sergej Maslobojev coloca título em jogo contra Donegi Abena